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AtualizadoQua, 15 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

CATNON: quimioterapia adjuvante em glioma anaplásico

BALANCO_NEURO_bx_OK.jpgDe acordo com os primeiros resultados do ensaio de fase III CATNON (Concurrent and Adjuvant Temozolomide Chemotherapy in Non-­1p/19q Deleted Anaplastic Glioma), apresentado domingo, 5 de junho, na ASCO, pacientes com glioma anaplásico sem deleção 1p/19q se beneficiam da quimioterapia adjuvante com temozolomida. As taxas de sobrevida em 5 anos mostram vantagens da adição da quimioterapia adjuvante frente ao tratamento padrão com radioterapia, com 56% versus 44% em favor do grupo tratado com temozolomida.

O estudo também mostrou que a adição de quimioterapia adjuvante atrasou a progressão da doença por mais de dois anos nesse perfil de pacientes.

Para o autor do estudo, Martin J. van den Bent, professor de neuro-oncologia do Erasmus MC Cancer Center, na Holanda, os achados devem ter impacto na prática clínica.  "Os resultados devem ampliar as opções de tratamento e mudar a maneira como tratamos pacientes com esta forma rara de câncer no cérebro", disse o oncologista. Segundo ele, o trabalho traz evidências para suportar o uso de temozolomida nesse perfil de pacientes no cenário adjuvante.
 
“Este estudo coloca um ponto final sobre dúvidas do tratamento agressivo para este grupo de pacientes. Com a nova classificação proposta pelo TCGA e agora homologada pela WHO, acredito que os astrocitomas anaplásicos (AA) receberão tratamento agressivo similar aos glioblastomas, mas estudos complementares randomizados com novos subgrupos, principalmente pesquisando mutações do IDH1, TERT e ATRX, bem como a metilação do MGMT, podem sugerir um eventual tratamento grupo-especifico”, afirma Marcos Vinicius Maldaun, presidente da Sociedade Latino-Americana de Neuro-Oncologia (SNOLA).
 
“Os pacientes com astrocitomas anaplásicos sem a codeleção do 1p/19q (que correspondem à maioria dos AA), que estão geralmente associados ao fenótipo astrocítico, são associados a pior prognóstico que o grupo codeletado (em sua maioria associados ao fenótipo oligodendroglial). Torna-se claro que este grupo deve receber tratamento agressivo com a combinação similar a um glioblastoma, que recebe o tratamento combinado seguido de 12 ciclos de manutenção de temodal”, acrescentou.
 
Realizado pela EORTC (European Organisation for Research  and Treatment of Cancer), o  CATNON envolveu 118 instituições na Europa, América do Norte e Austrália. 

O estudo

Entre dezembro de 2007 e agosto de 2015, os pesquisadores selecionaram 748 pacientes sem deleção 1p/19q para quatro diferentes braços de tratamento: radioterapia isoladamente (braço A); temozolomida (75 mg/m2) concorrente durante a radioterapia (braço B); radioterapia seguida de 12 ciclos de temozolomida na dose de 150-200 mg/m2 nos dias 1-5 por quatro semanas (braço C) e radioterapia tanto com temozolomida concorrente quanto em uso adjuvante por 12 ciclos (braço D).
 
Foram elegíveis pacientes com diagnóstico recente de glioma grau III sem deleção 1p / 19q, com idade ≥ 18 anos e performance status de 0-2 segundo critério de desempenho da OMS. Todos os pacientes receberam radioterapia na dose de 59,4 Gy em 33 frações.
 
Os dados da análise interina mostram que os pacientes que receberam temozolomida após a radioterapia, com ou sem temozolomida concomitante, tiveram progressão mais lenta da doença do que aqueles tratados sem terapia adjuvante. O tempo médio para a progressão da doença foi mais que o dobro no grupo que recebeu temozolomida adjuvante (42,8 meses versus 19 meses). A sobrevida global mediana não foi alcançada em pacientes tratados com temozolomida adjuvante. A análise mostrou redução significativa na razão de risco de morte (HR de 0.645; IC 95% 0,450, 0,926; p = 0,0014).
 
O status da metilação MGMT foi determinado em 74% dos pacientes e a metilação foi positiva para 42% da amostra pesquisada, sugerindo que o status da metilação MGMT tem importância prognóstica (HR 0.54, 95% CI 0.38, 0.77; p= 0.001).
 

Os dados finais do estudo CATNON estarão disponíveis em 2020.

Informações: Clinical Trial NCT 00626990.

Temozolomida adjuvante 

SG


SLP


Mediana % 5 anos Mediana
Não (n = 372) 41.1 meses 44.1% 19.0 meses
Sim (n = 373) Não alcançada 55.9% 42.8 meses

 
Referência: Results of the interim analysis of the EORTC randomized phase III CATNON trial on concurrent and adjuvant temozolomide in anaplastic glioma without 1p/19q co-deletion: An Intergroup trial - J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr LBA2000)
 

 

 
 

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