O tratamento com a quimioterapia capecitabina aumentou a sobrevida livre de doença para mulheres com câncer de mama HER2-negativo que não foi eliminado pela quimioterapia neoadjuvante, de acordo com resultados do estudo clínico de fase III CREATE-X, apresentado por Masakazu Toi (foto), professor no Hospital Universitário de Kyoto, Japão, fundador e diretor sênior do Japan Breast Cancer Research Group (JBCRG).
Os primeiros resultados de eficácia mostram que, após dois anos de seguimento, a sobrevida livre de doença é significativamente melhorada com a adição de capecitabina à terapia padrão.
Em alguns pacientes com câncer de mama tratados com quimioterapia neoadjuvante, o câncer residual invasivo pode ser detectado em amostras de tecido da mama e linfonodos removidos durante a cirurgia. Esses pacientes tendem a ter piores resultados a longo prazo em comparação com as mulheres que respondem completamente à terapia neoadjuvante.
"Tem sido sugerido que pacientes com doença residual invasiva após quimioterapia neoadjuvante têm resistência à quimioterapia, mas não houve nenhum ensaio clínico em grande escala para testar se a quimioterapia sistêmica adjuvante é benéfica para esses pacientes", disse Toi. "Estes dados são estimulantes, pois os efeitos colaterais do tratamento foram gerenciáveis e o benefício do tratamento foi claro", acrescentou.
Métodos e resultados
Entre fevereiro de 2007 e julho de 2012, o estudo incluiu 910 pacientes com câncer de mama HER2-negativo e doença residual invasiva após a terapia neoadjuvante que incluiu uma antraciclina e/ou um taxano. As características basais foram bem equilibradas. A idade média foi de 48 anos em ambos os braços; 63,5% eram HR-positivo.
O endpoint primário foi sobrevida livre de doença. Os endpoints secundários incluíram a sobrevida global, segurança e custo-efetividade.
Os 455 pacientes distribuídos aleatoriamente para capecitabina receberam oito ciclos, cada um com duração de 21 dias, com 1.250 mg/m2 do quimioterápico duas vezes ao dia durante os primeiros 14 dias, seguidos de sete dias sem tratamento (1250 mg/m2, days1-14, q3w).
No braço de investigação, HT foi oferecido com capecitabina simultaneamente em 200 pacientes e após capecitabina em 24 pacientes. A intensidade da dose relativa de capecitabina foi de 78,8%. No momento da análise provisória, a sobrevida livre de doença foi confirmada em 81 (18,8%) no grupo experimental e 109 (24,7%) no braço padrão, e eventos de sobrevida global foram 28 (6,5%) e 41 (9,3%), respectivamente.
Na análise de Kaplan-Meier, de 2 anos de sobrevida livre de doença foi de 87,3% para o braço com capecitabina e 80,5% sem capecitabina (HR: 0,688, 98,66% CI: 0,479-0,989, log-rank P=0,001). A tendência para a melhoria da sobrevida global através da adição de capecitabina também foi confirmada; sobrevida global em 2 anos foi de 96,2% e 93,9%, respectivamente (HR: 0,658, 95% CI: 0,407-1,065, log-rank P=0,086).
No braço experimental com capecitabina, toxicidades de graus 3/4 incluíram síndrome mão-pé (11%), neutropenia (9%), diarreia (3%), e fadiga (1%); todos foram controláveis. Nenhum evento adverso sério foi relacionado à administração de capecitabina.
Os pesquisadores descobriram que, dois anos após o início do estudo, os pacientes que foram designados para capecitabina tiveram um risco de recorrência da doença 30% menor em comparação com aqueles atribuídos à não capecitabina.
Os pesquisadores estão realizando análises de subconjuntos para determinar se certos grupos de pacientes se beneficiaram mais do que outros da capecitabina, como por exemplo, se o status de receptor hormonal afeta os resultados.
O estudo foi apoiado pela Specified Nonprofit Corporation - Advanced Clinical Research Organization (ACRO) e outras doações para o JBCRG.
Referência: Abstract: S1-07 Title: A phase III trial of adjuvant capecitabine in breast cancer patients with HER2-negative pathologic residual invasive disease after neoadjuvant chemotherapy (CREATE-X, JBCRG-04)