Em pacientes com uma a três metástases cerebrais, a radioterapia de cérebro total (WBRT) após a radiocirurgia estereotáxica (SRS) melhora o controle local da doença, mas não impacta a sobrevida global. Os dados foram apresentados na ASCO por Jan C. Buckner, da Mayo Clinic, com destaque na sessão plenária de domingo, 31 de maio (LBA 4).
"Para os pacientes com metástases cerebrais recém-diagnosticados, recomendamos o tratamento inicial com radiocirurgia estereotáxica e o acompanhamento de perto para melhor preservar a função cognitiva e a qualidade de vida", disse Buckner.
A radiocirurgia estereotáxica é reconhecidamente eficaz para metástases cerebrais, mas existe alta taxa de desenvolvimento de novas metástases e progressão das lesões tratadas. A radioterapia de cérebro total (WBRT) adjuvante mais SRS melhora o controle local e diminui o desenvolvimento de novas metástases cerebrais. No entanto, como nenhum benefício de sobrevida global foi demonstrada com a adição de WBRT, “é importante ter em conta os riscos de WBRT, particularmente na função cognitiva”, disse Brown.
Para avaliar os riscos neurocognitivos da WBRT, pacientes com 1-3 metástases cerebrais menores de 3 centímetros na RM foram aleatoriamente designados para receber SRS exclusivamente ou SRS mais WBRT. Os pacientes foram submetidos à avaliação cognitiva antes e após o tratamento. O objetivo primário do estudo foi a progressão cognitiva, definida como um declínio pelo desvio padrão de 3 meses, de qualquer um dos seis testes cognitivos administrados.
Um total de 213 pacientes foram recrutados. A idade média foi de 60 anos e o tumor primário de pulmão foi o mais comum (68%).
O declínio da função cognitiva foi mais frequente com a adição de WBRT a SRS, disse Brown, especificamente no que diz respeito à memória e fluência verbal. Escores de qualidade de vida também foram pior avaliados com a adição de WBRT. A progressão cognitiva em 3 meses foi mais frequente após WBRT + SRS verus SRS isoladamente (88,0% vs. 61,9%, respectivamente, p = 0,002). No braço WBRT + SRS foram observados mais casos de deterioração de memória imediata (31% vs. 8%, p = 0,007), memória tardia (51% vs. 20%, p = 0,002), e fluência verbal (19% vs. 2 %, p = 0,02). As taxas de controle de tumor intracraniano em 6 e 12 meses foram de 66,1% e 50,5% com SRS sozinho vs. 88,3% e 84,9% com SRS + WBRT (p <0,001). A mediana de sobrevida global foi de 10,7 meses para SRS sozinho versus 7,5 meses para SRS + WBRT respectivamente (HR = 1,02, p = 0,93).
Em conclusão, WBRT melhora significativamente o controle do tumor no cérebro após SRS, mas o papel de coadjuvante WBRT permanece indefinido diante das preocupações de riscos neurocognitivos (NCT00377156).
Referência: NCCTG N0574 (Alliance): A phase III randomized trial of whole brain radiation therapy (WBRT) in addition to radiosurgery (SRS) in patients with 1 to 3 brain metastases. - J Clin Oncol 33, 2015 (suppl; abstr LBA4)