Eduardo Moraes e Rui Weschenfelder estiveram à frente do painel Gastrointestinal, apresentado no VIII Congresso da SFBO, que entre outros temas debateu os desafios e avanços no câncer de pâncreas. O objetivo do painel, segundo os coordenadores, é ir além de uma simples aula de revisão, e contribuir efetivamente para o dia-a-dia do oncologista. “O formato de debate possibilita que todos retornem para seu consultório, para o hospital, com algo de útil para acrescentar na prática”, enfatizou Weschenfelder.
De difícil diagnóstico e comportamento agressivo, o câncer de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade. No Brasil, é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total das mortes provocadas pela doença.
A cirurgia é o tratamento de escolha em tumores localizados. O desafio permanece em tumores metastáticos ou irressecáveis.
“A quimioterapia adjuvante é uma opção bem estabelecida”, explica o oncologista Rui Weschenfelder, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. “A Gemcitabina permanece como QT padrão por seis meses, enquanto o papel da radioterapia segue sendo motivo de debate”, esclarece.
Para o tratamento de pacientes com doença metastática em boas condições clínicas, FOLFIRINOX (5-FU, leucovorin, irinotecano e oxaliplatina) tornou-se a nova referência. Dois estudos randomizados mostraram que quando comparado à gemcitabina, ele eleva a mediana de sobrevida de seis para cerca de 11 meses. Logo após a publicação dos dados iniciais, a toxicidade do FOLFIRINOX era uma preocupação dos oncologistas, mas o uso rotineiro mostrou ser uma esquema factível. “Na prática, percebeu-se que é uma toxicidade manejável. Sem dúvida isso foi uma revolução no tratamento do pâncreas”, finaliza.