Para pacientes com câncer de pâncreas localmente avançado, a combinação de quimioterapia e radioterapia estereotáxica ablativa (REA) pode ser uma opção de tratamento promissora, em última análise, o que lhes permite passar por uma cirurgia, de acordo com a pesquisa apresentada na 56ª ASTRO.
A cirurgia é o único tratamento potencialmente curativo para indivíduos com adenocarcinoma pancreático ductal (APD), o tipo mais comum de câncer no pâncreas.
No entanto, o câncer de pâncreas é frequentemente diagnosticado em um estágio avançado, tornando a remoção cirúrgica do tumor ou o órgão desafiadora, se não impossível. Além disso, muitos pacientes com câncer de pâncreas localmente avançado podem apresentar doença microscópica espalhada para outras partes do corpo.
Atualmente, não existe um padrão de cuidados para o tratamento de pacientes com câncer de pâncreas para os quais a cirurgia não é uma opção. A quimioterapia tem um papel importante no tratamento da doença microscópica. A radiação estereotáxica ablativa, com seu tempo de tratamento mais curto e precisão que reduz o risco de danos para as células normais, é uma modalidade de tratamento promissor para pacientes com tumor localmente avançado.
Um estudo clínico de fase II prospectivo, de braço único, foi realizado para avaliar a segurança, viabilidade e eficácia da quimioterapia de indução seguida por REA em 34 pacientes que tiveram APD comprovado por biópsia. Dezoito pacientes apresentaram tumor limítrofe ressecável (o câncer foi primeiramente localizado no pâncreas), e 16 pacientes tinham APD localmente avançado (o câncer havia se espalhado para os vasos sanguíneos próximos). A idade média dos pacientes foi de 71 anos e 56% eram mulheres.
A quimioterapia de indução, que consiste em gemcitabina e capecitabina, foi administrada ao longo de quatro ciclos de 21 dias para 31 dos 34 pacientes(91%). Três pacientes não completaram a quimioterapia - um morreu após o consentimento, mas antes da quimioterapia; outro morreu durante a quimioterapia por causa de uma oclusão arterial; e um terceiro teve um infarto do miocárdio antes da conclusão das quatro sessões de quimioterapia.
Como evidenciado por tomografia computadorizada, o câncer não cresceu ou se espalhou em todos os 31 pacientes que completaram a quimioterapia. Assim, todos os pacientes receberam três tratamentos de radioterapia estereotáxica ablativa de 36 Gy cada, incluindo uma expansão de 2 milímetros ao redor do tumor bruto. Quatro semanas após o procedimento, radioterapeutas, oncologistas cirúrgicos e médicos oncologistas tomaram uma decisão multidisciplinar para saber se o tumor de cada paciente poderia, então, ser removido cirurgicamente.
Dos 31 pacientes, 12 (40%), realizaram a pancreaticoduodenectomia (comumente conhecido como "o processo de Whipple", que remove a cabeça do pâncreas, uma parte do intestino delgado, a vesícula biliar, o fim do ducto biliar comum e, por vezes, uma porção do estômago). 90% dos pacientes operados (11) não tinham nenhuma doença local após a cirurgia.
Em última análise, para esta população de pacientes, os resultados se traduzem em cerca de 90% de chance de controle local da doença em 1 ano, e mais de 20 meses livre de qualquer recorrência da doença.
"Esta é uma opção de tratamento promissora que pode ser não só mais eficaz que a quimioterapia sozinha antes da cirurgia, mas também melhor do que a quimioterapia e a radioterapia padrão", disse o autor do estudo Kimmen Quan, oncologista da Universidade de Pittsburgh Medical Center. "Os pacientes toleraram a quimioterapia e o regime REA muito bem, com excelente qualidade de vida durante o tratamento. Estes resultados mostram melhor controle da doença na região do pâncreas e maior tempo livre de recorrência. Esta combinação deve ser considerada para pacientes com câncer pancreático avançado, que ainda é doença tratável, e pode potencialmente aumentar a sobrevida nesta população de pacientes", afirmou.
Referência: https://www.astro.org/News-and-Media/News-Releases/2014/Chemotherapy-and-stereotactic-ablative-radiation-(SABR)-consecutively-may-be-promising-treatment-option-for-patients-with-advanced-pancreatic-cancer.aspx