O painel de triagem germinativa deve ser solicitado para todos os pacientes com câncer de pulmão. O oncologista André Murad (foto) discute os resultados do estudo apresentado por Sorscher et al durante o Programa ASCO Plenary Series de agosto (Abstract 388570), em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’. Confira.
Por André Marcio Murad*
A revisão retrospectiva de quase 8 mil pacientes com câncer de pulmão submetidos a testes germinativos descobriu que 14,9% eram portadores de variantes germinativas patogênicas e 95,1% dessas variantes eram potencialmente acionáveis clinicamente, ou seja, potenciais alvos terapêuticos. Adicionalmente, 61,3% dessas variantes patogênicas da linhagem germinativa se localizaram em genes de reparo de danos de DNA ou reparo de recombinação homóloga (DDR/HRR), incluindo BRCA1 e BRCA2.
Dadas as recomendações atuais da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) para testes de linhagem germinativa para pacientes diagnosticados com outros tipos de câncer, as recomendações do Moonshot Versão 2.0 e as profundas implicações para os pacientes e suas famílias que resultam da identificação de variantes germinativas patogênicas, esses resultados sugerem que todos os pacientes diagnosticados com câncer de pulmão devem ser considerados para os testes germinativos multigênicos.
Os resultados em detalhes
Os resultados gerais dos testes genéticos mostraram que 49,3% dos pacientes testaram negativo, enquanto 32,8% tinham variantes de significância desconhecida. Um adicional de 2,9% dos pacientes testados era portador de heterozigotos para síndrome de predisposição ao câncer autossômico recessivo. Finalmente, 14,9% dos pacientes tiveram um resultado positivo para uma variante germinativa patogênica ou uma variante germinativa provável patogênica.
As seguintes variantes germinativas patogênicas foram detectadas: BRCA2 (2,8%), CHEK2 (2,1%), ATM (1,9%), TP53 (1,3%), BRCA1 (1,2%), EGFR (1,0%), APC (0,9%), e PALB2 (0,5%).
Quando apenas pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão foram incluídos na análise, 16% tiveram resultados positivos para uma variante de linhagem patogênica, que foi maior do que a população geral. A análise de resultados positivos clinicamente acionáveis na coorte geral do estudo mostrou que 61% dos pacientes tinham uma variante de linhagem germinativa patogênica em um gene de reparo de dano de DNA ou um gene de reparo de combinação homóloga, e 95% das variantes de linhagem germinativa patogênica possuíam implicações potenciais para tratamento alvo-direcionado.
A identificação destas variantes patogênicas germinativas é de fundamental importância para que recomendações de triagem para a detecção precoce de câncer, medidas preventivas como cirurgia e testes em cascata de membros da família em risco sejam corretamente indicados e implementados.