Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista Andre Murad (foto) explica o que são RNAs circulares (circRNA), uma classe de RNA que forma uma alça contínua covalentemente fechada. Confira.
Por André Marcio Murad*
RNAs circulares (circRNA) são uma classe de RNA, natural ou sintético e de fita simples que, diferentemente do RNA linear, forma uma alça contínua covalentemente fechada. No RNA circular, as extremidades 3' e 5' normalmente presentes em uma molécula de RNA são unidas. Esta característica confere inúmeras propriedades ao RNA circular, muitas das quais foram identificadas apenas recentemente.
Suas estruturas únicas de circRNA covalentemente fechadas previnem a degradação do RNA por exonucleases, caracterizando-as assim pela alta bioestabilidade em relação ao atual mRNA linear padrão. O circRNA natural pode ser RNA não codificador, bem como RNA codificador de proteínas, esse último somente descoberto recentemente.
As funções fisiológicas dos circRNAs biogênicos ou naturais, que permanecem em grande parte ainda desconhecidas, incluem geração de esponjas de proteínas e genes moduladores de atividade celular e tradução de proteínas, inclusive algumas ligadas à carcinogênese e à apoptose de células tumorais.
A descoberta de que os circRNA podem ser correlacionados a várias doenças humanas, incluindo o câncer, confere a eles o potencial de se tornar um novo tipo de biomarcador de doenças, além de ser uma potencial classe não canônica de alvos terapêuticos, inclusive para drogas antineoplásicas.
Recentemente, o circRNA sintético foi projetado para que suas aplicações como uma nova classe de terapias e vacinas de mRNA possam ser exploradas.
A figura representativa mostra o “splicing” de mRNA maduro e a biogênese canônica correspondente de circRNAs que pode incluir:
B.1) emenda reversa direta;
B.2) Circularização conduzida por emparelhamento de íntrons;
B.3) laço de íntron resistente à desramificação;
B.4) circularização orientada por lariat (salto de exon).