O microRNA ou miRNA é um RNA monocatenário (de cadeia simples) com um comprimento entre 21 e 25 nucleotídeos cuja principal função é atuar como um silenciador pós-transcricional, pois pareia-se com os mRNA's (RNA mensageiros) específicos e regulam sua estabilidade e tradução.
Portanto, trata-se de pequenos RNAs não codificantes. Cada miRNA pode ter centenas ou milhares de alvos, e um mRNA pode ser inibido por diferentes miRNA's. Os miRNAs têm como principal função regular os genes e o genoma, silenciando-os de forma geral, o que pode levar a um aumento ou diminuição na expressão de um gene e, consequentemente, de uma proteína que atua em uma via de sinalização para uma determinada função celular.
Essa regulação pode ocorrer em vários níveis da função gênica, podendo interferir na estruturação da cromatina, no rearranjo cromossomal, em fenômenos de metilação do DNA ou das histonas (por exemplo, no silenciamento de genes promotores), na transcrição, no processamento e estabilidade do RNA e na tradução de aminoácidos. A identificação do gene a ser silenciado se dá pelo pareamento de bases complementares com o miRNA específico para o mesmo.
Nos últimos anos, estudos sobre miRNA e câncer surgiram em cena. A criação do perfil do "miRNoma" (níveis globais de expressão do miRNA) tornou-se predominante e atualmente existem dados abundantes no miRNoma para vários tipos de câncer. O padrão de expressão do miRNA pode ser correlacionado com o tipo de câncer, estádio e outras variáveis clínicas, de modo que o perfil do miRNA pode ser usado como uma ferramenta para diagnóstico e prognóstico.
As análises de expressão do miRNA também sugerem papéis oncogênicos (ou supressores de tumor) dos miRNAs. Os miRNAs desempenham papéis em quase todos os aspectos da biologia do câncer, como proliferação, apoptose, invasão / metástase e angiogênese.
A modulação da atividade do miRNA pode ocorrer por 2 mecanismos distintos:
- Pelo restabelecimento da função de um miRNA utilizando-se miRNAs de cadeia dupla sintéticos, cujo objetivo é conseguir as mesmas funções biológicas dos miRNAs endógenos através de vetores virais. Os vetores virais são utilizados para transportar o miRNA terapêutico para dentro da célula de interesse e são modificados geneticamente tanto na remoção da virulência quanto no seu tropismo.
- Pela Inibição da função de um miRNA utilizando-se de oligonucletídeos anti miRNA quimicamente modificados. MiRNAs maduros podem ser inibidos por miRNA complementar ou oligonucleotídeos antisenso, conhecidos como antimiRs e oncomiR. Um miRNA complementar é produzido por expressão transgênica de uma molécula de RNA complementar aos sítios de ligação do miRNA de interesse para bloquear a função de um miRNA alvo ou uma família de miRNA.