O estudo FOWARC (Abstract 3500 - J Clin Oncol 33, 2015) investiga se a quimioterapia com FOLFOX6 com ou sem radiação no tratamento neoadjuvante melhora a sobrevida livre de doença no câncer retal localmente avançado.
“Estou curiosa para ver esses resultados porque já tivemos pelo menos três estudos avaliando a incorporação da oxaliplatina no tratamento neoadjuvante do câncer de reto, com resultados. Esse estudo tem um desenho um pouco diferente e seria ótimo se a gente pudesse abrir mão da radioterapia pré-operatoria ou pelo menos realizar parte da poliquimioterapia sistêmica prévia aos tratamentos locais, com benefício”, diz Anelisa Coutinho, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).
Entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2015, os pacientes com câncer retal dentro de 12 cm da borda anal, estágio clínico II-III foram distribuídos aleatoriamente para receber 5-FU com radiação (braço de controle); mFOLFOX6 com radioterapia (braço FOLFOX-RT); ou receber 4-6 ciclos de mFOLFOX6 isolado (braço FOLFOX). Se necessário, a radioterapia pós-operatório foi permitida. O endpoint primário é a sobrevida livre de doença.
495 pacientes foram randomizados (165 em cada braço). 92% dos pacientes realizaram pelo menos 46 Gy de RT no braço FOLFOX-RT em comparação com 86,8% no grupo de controle. 5% dos pacientes do braço FOLFOX receberam RT pós-operatório. A taxa de ressecção R0 foi de 90,1%, 88,2% e 91,2%, respectivamente, nos braços controle, FOLFOX-RT e FOLFOX.
A taxa de PCR foi de 12,5%, 31,3% e 7,4%, respectivamente (P=0,001). Bom decréscimo do estadiamento (ypTNM 0-1) foi obtido em 34,7%, 57,8%, e 37,9% dos doentes, respectivamente. Maior toxicidade e complicações pós-operatórias foram observadas em pacientes que receberam RT.
Os resultados divulgados indicam que FOLFOX6 concomitante com RT resultou em uma maior taxa de pCR. O FOLFOX6 neoadjuvante sozinho obteve taxa de downstaging semelhante com menos toxicidade e complicações pós-operatórias comparado com o 5-FU com RT pré-operatório. (NCT01211210)
Segundo Anelisa, o estudo não deve gerar impacto na prática clínica porque são resultados muito preliminares. “Mas ao menos acende novamente a discussão a respeito de novas estratégias no manejo neoadjuvante do reto ”, finaliza.